Foto - Wilian Aguiar |
Quando o dia vira noite durante um eclipse, um circo aparece por entre as sombras, convidando todos a adentrar seu picadeiro. Esse mito é narrado pelo Laboratório Siameses em Circo da Meia-Noite, que estreia no dia 28 de outubro no Teatro Anchieta do Sesc Consolação. Em seguida, a peça segue para temporada no Galpão do Folias, de 02 a 26 de novembro.
O espetáculo dá continuidade à pesquisa do grupo sobre a imaginação e mescla dança, teatro e música para criar uma história sobre a natureza do divino nos dias de hoje e o nascimento do desejo. A montagem tem direção de Maurício de Oliveira e Tono Guimarães. Já o elenco traz os intérpretes Danielle Rodrigues, Lucas Pardin, Maurício de Oliveira, Moisés Matos, Sthéphanie Mascara e Vinícius Francês, além da atriz convidada Joy Catharina.
No Circo da Meia-Noite, a lógica parece se desfazer pelo encantamento das figuras que o habitam. São deuses que outrora povoaram o cosmos nos tempos da ancestralidade e que, hoje, perambulam entre a dimensão do real e do sonho para guiar o mundo para além do Esquecimento. Eles guardam o coração do planeta, que pulsa vivamente debaixo da terra consagrada desse picadeiro.
Trazendo como subtexto as ancestralidades da Lua Negra - Lilith, Ísis, Perséfone, Santa Muerte - em que o futuro se decidia numa batalha coletiva na noite mais longa do ano -, o trabalho se propõe a criar um sabá secular, que permite a revelação da centelha primordial que foi solapada pelo Estado das coisas, por esses novos deuses vazios de ancestralidade. O espetáculo é um manifesto de renascimento, recuperando nosso direito de imaginar futuros não-distópicos.
O trabalho tem como inspiração o imaginário histórico do circo. Herdeiro das tradições luciânicas da Saturnalia - festival realizado no Solstício de Inverno, no qual as normas que ordinariamente regiam a sociedade eram invertidas, ou seja, os homens se vestiam de mulher e os senhores, de servos etc -, o circo era o espaço da subversão das regras. Ali, aqueles que eram mantidos à margem da sociedade, construíam uma comunidade à parte - com suas próprias regras de funcionamento. Em seus shows, o circo tornava-se local de poder, de confronto com a alteridade do abismo social que lhe deu origem.
Costurando uma dramaturgia original a partir da pesquisa de textos, filmes e outras mídias, Circo da Meia-Noite é uma reflexão sobre o futuro e o nosso legado. Na peça, o circo é o espaço em que somos recebidos pela Morte. Ela apresenta a todos aquilo que será presenciado: o nascimento do Desejo.
A montagem se materializa como uma instalação visual em que cenário e figurino serão compostos como entidades complementares. A companhia cria um ambiente que possa se alterar subitamente pela interferência desses bailarinos que invadem a cena. Os intérpretes manipulam um cenário que se reconfigura aos poucos por meio de roldanas, montando uma lona de circo que tem vida própria.
No figurino, o caráter escultural das peças caracteriza os personagens como esculturas vivas, cujas formas se transformam a cada nova ação que ali se desenvolve. Para intensificar esse efeito de mudança, o desenho de luz se dá como microambientes que migram pelo espaço cênico, contrapondo cor e forma a fim de dar materialidade à presença de cada Ente ali apresentado. Já a trilha sonora tem papel fundamental nesse quadro: será executada ao vivo para que cada cena possa ser reconfigurada à medida que ela se desenvolve, ganhando novos matizes a cada apresentação.
Sinopse
Foto - Wilian Aguiar |
Dando continuidade à sua pesquisa sobre imaginação, o Laboratório Siameses apresenta Circo da Meia-Noite, um trabalho que desliza entre a dança, o teatro e a música para criar uma história sobre a natureza do divino nos dias de hoje. Toda noite de eclipse, quando Sol e Lua tornam-se um, um circo surge flutuando no ar. Nele, os antigos deuses encontram-se para um encontro, um espetáculo. Desta vez, contudo, o que os reúne é uma mudança dos rumos do destino: um novo dono para o circo, O Desejo.
Ficha técnica
Circo da Meia-Noite
Idealização - Maurício de Oliveira e Tono Guimarães
Direção e Criação Coreográfica - Maurício de Oliveira
Dramaturgia e Pesquisa - Tono Guimarães
Elenco - Danielle Rodrigues, Joy Catharina, Lucas Pardin, Maurício de Oliveira, Moisés Matos, Rafael Abreu, Sthéphanie Mascara, Vinícius Francês
Orientação Cênica - Leonardo Birche e Maristela Chelala
Direção de Arte e Figurino - Adriana Hitomi
Projeto de Luz - Dani Meirelles
Cenografia - Eliseu Weide
Adereços - Adriana Hitomi e Eliseu Weide
Peruca - Eli Viegas
Direção Musical - Rodrigo Florentino
Consultoria Musical - Edezio Aragão
Músicos Convidados - Rômulo Scarinni e Taiara Guedes
Formadores - Chris Penna (Aikido), Edi Montecchi (Voz), Maristela Chelala (Comédia/Clown), Maurício de Oliveira (Corpo e Movimento), Rosana Selligmann (Iyengar Yoga)
Projeto de Identidade Visual - Alessandro Romio
Fotografia - Wilian Aguiar
Social Media - Lyvia Gamerc
Assessoria de Imprensa - Pombo Correio
Direção de Produção - Leonardo Birche
Apoio - Estúdio Simpatia257
Serviço
O Circo da Meia-Noite
Duração - 70 minutos
Classificação - 14 anos
Local - Sesc Consolação
Endereço - R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque - São Paulo
Data - 28 e 29 de outubro
Horário - sábado, às 20h e domingo, às 18h
Ingressos - R$ 40,00 (inteira), R$ 20,00 (meia) e R$ 12,00 (Credencial Plena)
Local - Galpão do Folias
Endereço - Rua Ana Cintra, 213 - Santa Cecília - São Paulo
Temporada - de 02 a 26 de novembro
Horário - quintas, sextas e sábados, às 20h, domingos, às 19h.
Ingressos - R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Venda de ingressos online aqui
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