O canto das águas - da série Sonhos Yanomami 2002. Foto - Cortesia Galeria Vermelho |
Artista e ativista, Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e cresceu na Transilvânia em uma família de origem judaica e protestante. Sobrevivente do holocausto, chegou ao Brasil em 1955, onde começou sua carreira como fotojornalista e artista, e se estabeleceu no país. A fotografia era o meio usado por ela para conhecer as pessoas e aprender sobre o novo país.
Em 1971, encontrou os Yanomami pela primeira vez e decidiu passar mais tempo com eles. Sonhos Yanomami, um dos últimos trabalhos realizados por Andujar a partir de seu acervo de imagens sobre o povo Yanomami, será exibido de até 28 de janeiro de 2024 no Projeto Parede do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Desde o primeiro contato com os Yanomami, Claudia Andujar voltou várias vezes para a região e lá permaneceu por longos períodos, desenvolvendo laços estreitos com seus membros, os fotografando em suas casas coletivas - chamadas yano - e os acompanhando na floresta para fotografar diversas atividades.
Jovem grávida - da série Sonhos Yanomami 2002. Foto - Cortesia Galeria Vermelho |
"Considero a série Sonhos Yanomami um turning point em minha experiência com os Yanomami. As imagens que compõem a série revelam os rituais xamanísticos dos Yanomami, sua reunião com os espíritos. A partir de sua criação, eu comecei a conceber uma interpretação imagética acerca dos rituais, fato que me deu acesso à genealogia do povo, aglutinando aspectos da cultura e dissolvendo as fronteiras entre os seres humanos, seus deuses e a natureza, integrando todos em um fluxo contínuo”, contou a artista em entrevista publicada na ocasião da exposição Identidade, exibida em 2005, na Fondation Cartier, em Paris.
A série, que acaba de ser integrada à coleção do MAM, é composta por 20 imagens geradas por meio da sobreposição de cromos negativos fotografados a partir de 1971. “Trata-se de uma obra do período maduro da artista, que já possuía grande intimidade com a cultura do povo que a acolheu. As imagens revelam algo dos rituais dos líderes espirituais Yanomami e a importância do sonho em sua cosmologia”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do museu, em texto que acompanha a mostra.
O conjunto de imagens exibidos no Projeto Parede do MAM é, também, reflexo de um momento de respiro de Andujar e do povo Yanomami. Ao lado de outros ativistas, Andujar fundou em 1978 a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) - conhecida como Comissão Pró-Yanomami. A Comissão, coordenada por ela, organizou a campanha pela demarcação do território Yanomami, a fim de garantir a preservação e a sobrevivência desse povo originário da Amazônia.
Reahu em Toototobi - da série Sonhos Yanomami 2002. Foto - Cortesia Galeria Vermelho |
A Terra Indígena Yanomami foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, entretanto ela continua sendo invadida pelo garimpo ilegal que tem provocado centenas de mortes. Andujar fez da luta pela preservação do povo, da cultura e da terra Yanomami o trabalho de sua vida.
"A fotografia é minha forma de comunicação com o mundo. Um processo de mão dupla em que você recebe tanto quanto dá. Se o registro fotográfico de culturas pode ser considerado uma forma de compreensão do outro, eu acredito que com a série Sonhos eu consegui entender a essência do povo Yanomami”, afirmou Andujar na ocasião da mostra na Fondation Cartier.
Serviço
Sonhos Yanomami, de Claudia Andujar
Período expositivo - até 28 de janeiro de 2024
Horários - de terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)
Local - Museu de Arte Moderna de São Paulo - Projeto Parede
Endereço - Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Parque Ibirapuera - Portões 1 e 3
Ingressos - R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia - estudantes com identificação, jovens de baixa renda e idosos 60+)
Gratuidade - crianças menores de 10 anos, pessoas com deficiência e acompanhante, professores e diretores da rede pública estadual e municipal de São Paulo (com identificação). Amigos e alunos do MAM, funcionários das empresas parceiras e museus, membros do ICOM, AICA e ABCA (com identificação), funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura
Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser
Classificação - livre
Mais informações 11 5085-1300 e pelo site aqui
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