Depressão na população idosa é mais comum do que as pessoas imaginam


Especialista explica causas e como prevenir o problema nessa fase da vida

Muitos dizem que a depressão é o mal do século e, de fato, essa condição psiquiátrica pode surgir frequentemente sem aviso prévio, acarretando diversas consequências para a saúde. Devido à sua natureza multifacetada, é comum que ela afete não apenas o aspecto psicológico, mas também a saúde física, o funcionamento cognitivo e as interações sociais das pessoas diagnosticadas.

Embora saibamos que, em geral, as doenças não fazem distinção, quando se trata da depressão, podemos dizer que ainda existem grupos mais suscetíveis a experimentar esses sintomas e muitas vezes de forma mais intensa. É o caso dos idosos, cuja faixa etária os torna particularmente vulneráveis.

Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) afirma que mais de um terço dos adultos mais velhos e idosos brasileiros apresentam sintomas depressivos. Outro ponto de atenção é o de que a presença da doença é quatro vezes mais comum entre aqueles idosos que se sentem solitários.

"Os idosos têm uma maior propensão a vivenciar esse quadro devido à situação de vulnerabilidade social, às limitações decorrentes de diferentes doenças e ao sentimento de inutilidade que podem carregar, por precisarem de apoio em funções que antes realizavam sozinhos", afirma Solange Pinto, assistente social especialista em gerontologia da UBS Jardim Maracá, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Fatores como a perda da autonomia nas atividades diárias, que passa a se refletir em vários níveis, dificuldades para dormir, problemas de memória e o uso de diferentes medicamentos que podem causar sintomas depressivos também influenciam diretamente o surgimento do transtorno.

Além disso, o envelhecimento traz outra série de desafios que intensificam mais esses sentimentos, como a perda de entes queridos e a diminuição das atividades sociais, que perdem a frequência vivida na juventude. Além do isolamento, que passa a ser mais comum nessa fase da vida.

Ainda de acordo com os pesquisadores da Unicamp, o risco de desenvolver depressão dobra pelo simples fato de o idoso morar sozinho. "Quando o idoso não tem com quem conversar ou realizar suas atividades, há um grande impacto em sua saúde e bem-estar. Isso o deixa triste, faz com que ele não queira sair de casa e, em muitos casos, leva à desistência de seus tratamentos de saúde, o que pode complicar ainda mais toda a situação", explica a assistente social.

É comum que o idoso apresente alguns sinais que indicam que algo está errado. Todos eles devem ser levados a sério e servir de alerta para a busca de ajuda profissional. Fique atento aos seguintes sinais:
  • Apatia
  • Diferentes queixas de saúde, que não levam a nenhum diagnóstico
  • Falta de interesse pelas coisas que antes gostava
  • Isolamento e diminuição cada vez maiores nas interações sociais
  • Permanecer deitado por longos períodos
  • Alterações no sono e no apetite
A especialista afirma que, para evitar o surgimento da depressão nesse grupo, é crucial, antes de tudo, oferecer atenção e tempo de lazer. "Além disso, é fundamental incentivá-los a participar de diversos grupos e atividades na comunidade em que residem, assim como a manter uma rotina regular de consultas médicas”, finaliza Solange.

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