Antonio Natal e Dedê Andrade em cena de Ifigênia à Brasileira. Foto - Herbert Baratella |
A temporada passa pelo CEU Água Azul, Casa de Cultura Hip Hop Leste e CEU Jambeiro. As apresentações do dia 29, às 14h e 30 de setembro, às 15h, terão tradução em Libras
Ifigênia à Brasileira é uma tragicomédia com texto e direção de Marco Faustino que faz uma apologia ao esquecimento e a desconsideração que boa parte das pessoas que vivem no Brasil imputam à sua própria história e às suas questões como povo.
A peça é um convite à reflexão a partir da ótica de Ifigênia, uma senhora de 80 anos, tomada como louca que, por conta de comentários sarcásticos e humor ácido, revela sua atuação na juventude como uma incansável pesquisadora dos vários ciclos de conflitos que ocorreram na história do Brasil.
A personagem é interpretada por Antonio Natal, ator de 80 anos, formado pela Escola de Arte Dramática de São Paulo, que possui uma emblemática trajetória pelos palcos do teatro paulista, iniciada em 1968, participando do grupo GTC na cidade de Santo André, ao lado de Heleny Guariba, Sonia Guedes, Sônia Braga, Antônio Petrin, entre outros.
O espetáculo traz, a princípio, uma leveza no desenvolvimento da relação desta senhora esquizofrênica, que é internada e esquecida há décadas em uma instituição, com um jovem e inexperiente médico psiquiatra, interpretado por Dedê Andrade, que ainda não conhece adequadamente os desafios de sua vida e de sua profissão.
Antonio Natal e Dedê Andrade em cena de Ifigênia à Brasileira. Foto - Herbert Baratella |
O desenvolvimento da relação entre os dois acaba por descortinar aspectos dessas personalidades, que se conectam com aspectos da realidade brasileira, como a chamada “personalidade bondosa e acolhedora” do povo brasileiro e sobre a pretensa constituição pacífica do Brasil como nação. Mitos que já vêm sendo questionados desde o livro “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, mas cujas percepções ainda prevalecem em boa parte da população brasileira.
A montagem também busca inspirar reflexões relacionadas aos problemas da chamada “terceira idade” no Brasil: “um país que está envelhecendo sem ter amadurecido e que enfrenta uma complicada realidade social”, comenta o grupo. A obra reflete ainda sobre a insanidade, a loucura e o esquecimento: “de nossas questões, de nossa formação histórica, de nós mesmos como nação ainda fragmentada, de nossos conflitos não resolvidos e com consequências até no presente”, complementa o grupo.
Com imagens do inconsciente da loucura por intermédio das extrapolações e lembranças traumáticas de Ifigênia em seus momentos de trânsito esquizofrênico, a concepção cênica do espetáculo tem como fontes de investigação os trabalhos da psiquiatra e pesquisadora brasileira Nise da Silveira, no campo das imagens do inconsciente, além do acervo do Museu Osório César, composto por imagens geradas pelos internos do antigo Manicômio do Juquery, artistas não celebrados de Franco da Rocha.
Com auxílio da professora e doutora em história Maria Antonia Dias Martins, o grupo também dá seguimento à pesquisa sobre a formação conflituosa brasileira e seus reflexos na atualidade.
O texto de Marco Faustino, é produto de sua participação no Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT), orientado por Dione Carlos, importante dramaturga da cena paulista. E a trilha sonora foi composta pelo músico Giorgio Passerino, especialmente para o espetáculo. Violonista, ele estará presente na temporada e executará ao vivo a música composta.
Sobre a Cia
A Cia. de Teatro Compacto nasceu em 2007 do encontro de artistas formados pela Escola de Arte Dramática (EAD-USP), que se uniram por uma paixão em comum pelo teatro. Posteriormente, se juntaram ao grupo outros artistas tornando o perfil do coletivo mais eclético e diversificado. Por meio de suas obras, o grupo procura trazer à tona questões de cunho humanista, com textos que evidenciam e discutem a condição humana nas suas infinitas facetas, dúvidas e contradições.
Sinopse
Antonio Natal em cena de Ifigênia à Brasileira. Foto - Herbert Baratella |
Ifigênia é uma historiadora de 80 anos esquecida em uma instituição psiquiátrica. Vítima de depressão catatônica, que a condenou a um silêncio que durou décadas, acaba sendo despertada de seu estado por um jovem médico. Ela ressurge no palco para contar suas histórias de vida e trazer segredos do seu passado. Com um discurso crítico e humor ácido, vai tecer comentários sobre como percebe nossa realidade e nossas questões atuais.
Confira abaixo trechos de Ifigênia à Brasileira:
Ficha técnica
Texto e Direção - Marco Faustino
Elenco - Antonio Natal e Dedê Andrade
Cenário e Figurinos - Rubens Curi
Produção Executiva - Marco Faustino e Dedê Andrade
Iluminação - Alex Sandro Duarte
Trilha Sonora Original - Giorgio Passerino
Operação de Áudio - Renato Grieco
Produção - Maysa Ogata
Fotografia e Comunicação - Herbert Baratella
Assessoria de Imprensa - Luciana Gandelini
Serviço
Temporada do espetáculo Ifigênia à Brasileira
Duração - 60 minutos
Grátis
Reservas de ingressos aqui
Classificação - 12 anos
Mais informações no site aqui
Data - 14 de setembro - quinta-feira
Horário - 10h
Local - CEU Água Azul
Endereço - Av. dos Metalúrgicos, 1262 - Cidade Tiradentes - São Paulo
Data 15 de setembro - sexta-feira
Horário - 19h
Local - Casa de Cultura Hip Hop Leste
Endereço - Rua Sara Kubitscheck, 165 - Cidade Tiradentes - São Paulo
Data - 16 de setembro - sábado
Horário - 18h
Local - CEU Água Azul
Endereço - Av. dos Metalúrgicos, 1262 - Cidade Tiradentes - São Paulo
29 e 30 de setembro - sexta e sábado
Horário - sexta-feira, às 10h e 14h e sábado, às 15h
Local - CEU Jambeiro
Endereço - Av. José Pinheiro Borges, 60 - Guaianases - São Paulo
Apresentação com tradução em Libras - 29 de setembro, às 14h e dia 30, às 15h
0 Comentários