Agropeça coloca o agronegócio nas terras de Dona Benta

Foto - Lígia Jardim

O universo dos rodeios e seu entorno, associado ao agronegócio e aos personagens do Sítio do Picapau Amarelo estão em Agropeça, a mais nova montagem do Teatro da Vertigem. Temporada no Galpão do Sesc Pompeia acontece até dia 11 de junho

A influência do agronegócio na sociedade brasileira atual e o aumento acelerado do conservadorismo que cerca este posicionamento político são alguns dos temas de Agropeça, montagem do Teatro da Vertigem. A temporada no Galpão do Sesc Pompeia, acontece até o dia 11 de junho, de quarta a sábado.

Dirigida e concebida por Antonio Araújo, com texto final de Marcelino Freire, co-direção de Eliana Monteiro e luz de Guilherme Bonfanti, o novo trabalho do Teatro da Vertigem investiga a tendência conservadora e reacionária atual e a relação do agro como forma de linguagem. Para abordar esse tema, o grupo se faz valer de personagens bem conhecidos da literatura brasileira: Emília, Narizinho, Pedrinho, Tia Nastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, Marquês de Rabicó. Criação de Monteiro Lobato, o Sítio do Picapau Amarelo torna-se cenário (e personagem) do espetáculo em uma versão bastante livre.

No elenco estão André D' Lucca (Saco e Rainha de Sinop), Andreas Mendes (Dona Benta, Marquês de Rabicó e palhaço de rodeio), Lucienne Guedes (Narizinho e Santa | cantora gospel), Mawusi Tulan (Tia Nastácia), James Turpin (Visconde de Sabugosa, Boi), Paulo Arcuri (Coronel Teodorico), Tenca Silva (Emília), e Vinicius Meloni (Pedrinho).

Agropeça comemora os 30 anos do Teatro da Vertigem, grupo conhecido e premiado por montagens que investigam São Paulo, utilizando espaços importantes da cidade para compor suas produções, criando novas formas de se relacionar com a arquitetura dos ambientes e provocando o movimento pelo espaço.

Foto - Lígia Jardim

Exemplos não faltam. O Paraíso Perdido, de 1992, que trata de questões metafísicas vividas pelo homem contemporâneo, foi encenado na Igreja Santa Ifigênia; O Livro de Jó, cujo personagem título foi vivido por Matheus Nachtergaele, teve como espaço o Hospital Humberto Primo, de 1995; Apocalipse 1,11 (2000) usou o antigo Presídio do Hipódromo e BR3 (2006) fez o público navegar pelo Rio Tietê.

Diferente de outras peças do grupo, desta vez não haverá a ocupação de um lugar já existente; mas a transformação do Galpão do Sesc Pompeia em uma arena. Para compor este imaginário rural brasileiro, a estrutura cênica onde é encenado o espetáculo toma todo o espaço, transformando-o em uma arena de rodeio. Porém, a experiência imersiva - uma das características do Teatro da Vertigem - se mantém, transportando os espectadores não só a uma arena de rodeios, como também ao próprio Sítio do Picapau Amarelo. A cenografia é de Eliana Monteiro e William Zarella Junior e iluminação de Guilherme Bonfanti. Os figurinos são de Awa Guimarães e a direção musical é de Dan Maia.

Ao abordar o universo do agro, o Teatro da Vertigem investiga o jeito de pensar e agir do neo-conservadorismo brasileiro. O universo agro será representado pelo mundo dos rodeios, com cenas que representam e exemplificam a fricção entre o pensamento retrógrado promovido pela ultra-direita e o diálogo cheio de embates com as ideias progressistas e as novas formas de agir que fazem a sociedade avançar. A peça faz o cruzamento desse mundo com o Sítio do Picapau Amarelo. Os personagens ganham novos contornos e novas funções sociais e o próprio Sítio se torna um elemento narrativo.

Em Agropeça, é criada uma amálgama entre o mundo do agro, os personagens do Sítio do Picapau Amarelo e episódios recentes da realidade política brasileira transformada em linguagem poética. Dividido em três blocos, cada uma das partes será narrada por um personagem do universo do Sítio - Pedrinho, Tia Nastácia e Emília. A partir disso, são criadas cenas que envolvem esses personagens (e os demais personagens do Sítio) o que de certa forma relê a série de literatura criada por Monteiro Lobato, entre 1920 e 1947. A dramaturgia foi escrita depois de um longo período de pesquisas e oficinas, e em processo colaborativo entre direção, elenco e o escritor.

Sinopse

Foto - Lígia Jardim

No meio de uma arena, que ora é rodeio, ora é o centro de um sítio, os personagens, à mesa de jantar ou prestes a domar um touro brabo, enfrentam-se na tentativa de desvendar um país que “rumina” e ao mesmo tempo “agoniza” em busca do próprio destino. Não sabemos se o que estamos assistindo é a representação de um país cruel e conservador, ou se tudo faz parte de uma antiga fábula infantil que, de alguma forma, moldou o imaginário brasileiro.

Confira abaixo trecho do espetáculo:


Ficha técnica
Agropeça
Criação - Teatro da Vertigem
Texto - Marcelino Freire
Concepção e Direção Geral - Antonio Araújo
Co-direção - Eliana Monteiro
Desenho de Luz - Guilherme Bonfanti
Elenco - André D' Lucca, Andreas Mendes, James Turpin, Lucienne Guedes, Mawusi Tulani, Paulo Arcuri, Tenca Silva e Vinicius Meloni
Artistas Colaboradores - Nicolas Gonzalez (1ª e 2ª Fase) e Lee Taylor (1ª Fase)
Dramaturgismo - Bruna Menezes
Assistente de Dramaturgismo - João Crepschi
Conceito do Espaço - Antonio Araújo
Cenografia - Eliana Monteiro e William Zarella Junior
Sound Designer Associados - Randal Juliano, Guilherme Ramos e Kleber Marques
Figurino - Awa Guimarães
Visagismo - Tiça Camargo
Direção Musical e Trilha Original - Dan Maia
Direção Vocal - Lucia Gayotto
Videografismo - Vic von Poser
Preparação Corporal - Castilho e Ricardo Januário
Preparação Corporal (1ª Fase) - Fabrício Licursi
Direção de Movimento - Castilho
Assistente de Direção - Gabriel Jenó
Assistentes de Iluminação: Giorgia Tolaini
Músicos - Lisi Andrade e Ricardo Saldaña
Operação de Luz - Giorgia Tolaini
Operador de Áudio - Fernando Sampaio
Operadoras de Projeção - Júlia Ro e Vic von Poser
Operadores de Câmera - André Voulgaris e Matheus Brant
Operadores de seguidor - Igor Beltrão e Lays Ventura
Contrarregras - Clay Dalim, Flores Ayra, Gabriel Jenó e Jacob Alves
Cenotécnico - Zé Valdir Albuquerque
Montagem, Pintura e Tratamento de Cenografia - Elástica SP Cenografia
Costureiras - Francisca Rodrigues e Cleonice Barros Correa
Sonoplastia dos Ensaios - Dener Moreira
Aulas de Laço - Gui Sampaio
Crânios de Boi - Vinicius Fragata
Máscara Rabicó - Pietro Schlager
Tradutor Yorubá - Mariana de Òsùmàrè
Assistente de Arquitetura - Maria Piedade
Acompanhamento no Projeto de Luz - Chico Turbiani
Estagiária de Direção - Julie Douet Zingano
Estagiário de Iluminação - Felipe Mendes e Caio Maciel
Fotos -Lígia Jardim
Documentarista - Padu Palmerio
Designer: Guilherme Luigi
Assessoria de Imprensa - Canal Aberto
Produção -  Leo Devitto e Gabi Gonçalves | Corpo Rastreado

Serviço
Agropeça
Temporada - até 11 de junho
Horário - quarta-feira a sábado, às 20h, domingo, às 17h
Duração - 120 minutos
Local - Sesc Pompéia - Galpão
Endereço - Rua Clélia, 93 - Lapa - São Paulo
Ingressos - R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) e R$ 15,00 (Credencial Plena)
Classificação - 14 anos

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