Foto - Matheus Jose Maria |
Continua em cartaz no Teatro Unimed o espetáculo Molly-Bloom, estrelado pela atriz Bete Coelho, que também assina a direção ao lado de Daniela Thomas e divide a cena com o ator Roberto Audio. Em nova montagem da Cia.BR116, o texto é formado pelas partes finais da obra Ulysses, de James Joyce, cuja primeira publicação fez 100 anos em 2022, uma espécie de post-scriptum de toda ação do clássico do autor irlandês.
Molly-Bloom, com tradução de Caetano W. Galindo e codireção de Gabriel Fernandes, é o fluxo ininterrupto e fascinante do pensamento da personagem, que nunca deixou de ser um desafio e uma tentação para leitores, críticos e, talvez acima de todos, para as atrizes. Os escritos de James Joyce assim como de outros autores concretos da literatura e dramaturgia mundial foram apresentados a Bete Coelho por Haroldo de Campos em saraus e eventos culturais. Desde então a atriz pensava em levar Molly-Bloom aos palcos.
Solidão a dois
A atriz e diretora Bete Coelho explica que, em Molly-Bloom, a Cia.BR116 decidiu não encenar apenas o célebre monólogo final, desencaixando-o do livro como um fragmento isolado. “Optamos por incluir na montagem trechos do episódio anterior, onde Leopold Bloom, finalmente sozinho depois de um dia longo e cansativo, se prepara para entrar na cama com a esposa que, ele sabe, cometeu adultério naquele dia”.
Trata-se de um gesto aparentemente discreto, essa ligeira manipulação do texto que reconecta Molly e Bloom, mas com um efeito profundamente transformador. Trazer o final do capítulo anterior permite ao público conceber de maneira muito mais plena aquele mundo, aquelas pessoas e a integralidade do livro Ulysses. Bete Coelho também destaca o pensamento revolucionário da consciência e da sexualidade femininas presentes nas falas de Molly Bloom.
Para Caetano W. Galindo, que assina a tradução e a consultoria dramatúrgica de Molly-Bloom, “se a terceira parte do romance de Joyce trata da volta para casa, e nela finalmente vemos Bloom voltar ao seu ‘reino’ usurpado, mas ainda acolhedor, o que a encenação realiza ao reintegrar ao livro como um todo as famosas falas foi uma operação da mesma natureza: ela trouxe Molly, que passou todo aquele dia 16 de junho de 1904 sem sair do seu endereço, de certa forma de volta para ‘casa’, fazendo com que sua voz de novo converse com a do marido, fazendo com que a noite apareça novamente como sequência e inversão dos valores do dia, com que a lua surja, aos poucos, na medida em que o sol desaparece”.
Na encenação de Molly-Bloom, Daniela Thomas criou uma cenografia para que o público assista ao espetáculo como se lê a obra clássica de Joyce, de vários ângulos. O cenário multimídia é um convite para que a plateia esteja junto à cena, vendo pequenos detalhes da montagem. “A ideia é trazer a amplitude do livro para o palco oferecendo maneiras diferentes de olhar a mesma cena, sem induzir a uma única compreensão”, pontua Bete Coelho.
Sinopse
Em cena, Leopold Bloom, icônico personagem da literatura mundial, retorna para sua casa após perambular por cerca de 16 horas pela cidade de Dublin, capital da Irlanda. Sua esposa, Molly Bloom, já está dormindo, ou finge estar. Ele, exausto, deita na cama com cautela para não a acordar e cai no sono. Molly, então, parte para sua odisseia mental, singrando o mar de seus pensamentos. Entre travesseiros e fluidos líquidos e gasosos, navega as águas do passado, a infância em Gibraltar, seu pai, os enamoramentos, o primeiro beijo, o filho morto; navega as águas do presente, o casamento, o adultério, a barriga que está ficando grandinha, a conjectura de talvez parar com a cerveja no jantar, a filha; e as águas fascinantes e traiçoeiras da libido, do sexo, do proibido.
Ficha técnica
Molly-Bloom
Autor - James Joyce
Tradução - Caetano W. Galindo
Direção - Daniela Thomas e Bete Coelho
Elenco - Bete Coelho e Roberto Audio
Codireção - Gabriel Fernandes
Direção de Vídeo - Gabriel Fernandes
Consultoria Dramatúrgica - Caetano W. Galindo
Cenário - Daniela Thomas e Felipe Tassara
Produção de Cenografia - Mauro Amorim
Assistente de Direção - Lindsay Castro Lima
Desenho de Luz - Beto Bruel
Assistente de Luz - Sarah Salgado
Figurino - Bete Coelho e Daniela Thomas
Assistente de Figurino - Alice Tassara
Diretor Técnico - Rodrigo Gava
Diretor de Palco - Domingos Varela
Assistente de Palco - João Carvalho
Diretor de Cena - Murillo Carraro
Diretora de Arte - Alice Tassara
Assistente de Arte - Murillo Carraro
Camareiro - João Carvalho
Canção do Amor tocada por Caetano W. Galindo
Operador de Som - Rodrigo Gava
Operadora de Luz - Sarah Salgado
Serralheria - Mauricio Zati | Aço Studio Arquitetos
Diretor de Comunicação - Maurício Magalhães
Programação Visual - Celso Longo | CLDT
Fotos - Jennifer Glass
Assessoria Jurídica - Olivieri Associados
Dramaturgista da Cia.BR116 - Marcos Renaux
Local de Ensaio - CASAVACA
Direção de Produção - Lindsay Castro Lima e Mariana Mantovani
Gerente Técnico Teatro Unimed - Reynold Itiki
Assessoria Jurídica Teatro Unimed - Carolina Simão
Comunicação Teatro Unimed - Dayan Machado
Assessoria de Imprensa Teatro Unimed - Fernando Sant’ Ana
Realização - Cia.BR116
Serviço
Molly-Bloom
Temporada - até 26 de março - não haverá espetáculo de 17 a 19 de fevereiro (Carnaval)
Local - Teatro Unimed
Edereço - Alameda Santos, 2159 - Jardins - São Paulo
Capacidade - 249 lugares
Horários - sextas e sábados, às 20h, domingos, às 18h
Duração - 75 minutos
Ingressos - entre R$ 50,00 e R$ 140,00
Clientes Unimed têm 50% de desconto com apresentação da carteirinha. Descontos não cumulativos
Horários da Bilheteria - sexta e sábado, das 12h30 às 20h30, domingos, das 10h30 às 18h30
Venda de ingressos online aqui
Acessibilidade - ingressos para cadeirantes e acompanhantes podem ser reservados pelo e-mail aqui
Classificação - 14 anos
0 Comentários