Grupo Sobrevento comemora 35 anos com estreia de Pérsia

Foto - Marco Aurélio Olímpio

A partir de depoimentos de imigrantes iranianos, a montagem busca uma conexão entre a cultura brasileira e a persa

Nos seus 35 anos de trajetória, o Grupo Sobrevento nunca deixou de lado sua característica inicial: pesquisar linguagens para a cena. Pérsia, que estreia agora dia 11 de março, às 20h30, no Espaço Sobrevento, celebra a data e mantém a ideia de seus fundadores, Sandra Vargas e Luiz André Cherubini, de contar histórias a partir de investigações para a dramaturgia.

A peça, criada ao longo de 2021, procura estabelecer conexões entre a cultura brasileira e a persa, especialmente nos campos do Teatro e da Música, e busca enxergar, em um espelho iraniano, o nosso reflexo. A montagem fica em cartaz até 01 de maio, com apresentações sextas e sábados, às 20h30, e domingos, 20h. A entrada é gratuita e é possível reservar ingressos pelo e-mail aqui. O projeto foi Contemplado pela 35ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura.

Ao misturar depoimentos do elenco e de imigrantes iranianos, a dramaturgia revela anseios comuns de liberdade, de comunhão e de alegria. “No Irã, apesar do autoritarismo, algumas coisas se preservam graças a uma bagagem cultural enorme que o país tem, ao culto da poesia, da arte. Apesar da tensão, essa violência não entrou dentro de casa. O mote do espetáculo é esse”, revela Sandra. “Nós percebemos que a direita avança no Brasil amparada pelo fundamentalismo, mas nós também temos a arte, a cultura forte dentro de nós”, completa.

A música está presente ao longo do espetáculo e a pesquisa também apontou diversas aproximações entre as manifestações dos dois países. “Às vezes, temos a impressão de que a música persa é muito exótica, mas temos a mesma relação com ela, com a poesia”, diz Luiz André Cherubini. “Nós buscamos orientação de músicos iranianos em várias áreas, usamos instrumentos persas e brasileiros. E o espetáculo busca conexões por meio dessas pontes, tanto fazendo música brasileira tocada com esses instrumentos persas, quanto fazendo música persa tocada com instrumentos brasileiros”, coloca.

Sobre a encenação

Foto - Marco Aurélio Olímpio

O cenário é árido, apenas uma árvore seca, e representa um deserto, um sertão. Ao redor dela, os atores contam as histórias de iranianos que precisaram deixar seu país, por diferentes motivos, e encontraram no Brasil um novo lar.

As personagens que, como aves migratórias, atravessam continentes em busca de novas paisagens, confessam seus medos, seus sonhos, suas aflições, em palavras ditas e cantadas. Em cena, a casa é o único objeto que evoca as tantas moradas que deixaram para trás e que ainda carregam consigo.

Ao longo do espetáculo - e dos relatos, os atores e as atrizes preenchem o deserto de suas memórias com pequenas casas, que lembram casas de passarinhos, e criam pequenos mundos: podem ser um bairro, uma cidade ou um país. Em uma atmosfera mais íntima, o espaço teatral está configurado em uma arena e os figurinos de João Pimenta - premiado estilista que é parceiro do grupo há quase dez anos - carregam elementos de ambas as culturas.

Sobre o grupo e o Irã

Foto - Marco Aurélio Olímpio

Em 2010, o Grupo Sobrevento esteve em Teerã em um dos maiores festivais de Teatro do mundo: o Fajr Festival (Festival Liberdade). Naquela ocasião, o grupo conheceu a vitalidade do teatro naquele país, com uma Cultura milenar de origem persa, que brilha em cada canto da cidade: no hotel que tem nome de poeta, na poesia que está na boca das pessoas, nos milhares de jovens na praça diante do centro cultural, nas longas filas para os teatros, na produção de conhecimento histórico e artístico dos já antigos cursos de teatro e de teatro de bonecos (e de música internacional e de música tradicional iraniana) da importante Universidade de Teerã, na alma artística, culta, esperançosa e ansiosa por liberdade de todo um povo.

“Em um momento em que vemos a censura voltar a mostrar as suas garras, em que os artistas são atacados, em que ressurgem o dirigismo, a arbitrariedade e a intolerância, em que verdades de uns querem suplantar as verdades dos outros, o espelho iraniano lembra que uma cultura de raízes profundas vinga mesmo no terreno mais árido, que a desertificação não seca a humanidade de um povo, que a guerra não arrasa a história de uma civilização, que decretos restringem gestos, mas não têm poder sobre consciências”, refletem os diretores.

Ficha técnica
Pérsia
Criação - Grupo Sobrevento
Direção - Sandra Vargas e Luiz André Cherubini
Dramaturgia - Sandra Vargas
Canção “Fez-se Água” - Daniel Viana
Elenco - Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Sueli Andrade, Liana Yuri e Daniel Viana
Iluminação - Renato Machado
Figurino - João Pimenta (estilista), Danielle Kina (assistente), Neide Brito, Noel Alves, Magna Almeida Neto (piloteiros) e Marcia Almeida (contra mestre)
Cenografia - Luiz André Cherubini e Mandy
Cenotecnia - Agnaldo Souza e Mandy
Pintura Foyer - Luiz André Cherubini, Leandro Triviño e Agnaldo Souza
Adereços - Sueli Andrade e Liana Yuri
Letras e Adaptação das Canções - Luiz André Cherubini
Direção Musical - William Guedes
Supervisão Música Persa - Arash Azadeh
Orientação Tambur - Elnaz Mafakheri
Orientação de Sorna e Dozaleh - Ehsan Abdipour e Kaveh Savarian
Orientação Viola - Márcio de Camillo
Estagiários - Leandro Triviño e Rafael Carmo
Técnico de Som - Agnaldo Souza
Técnico de Iluminação - Marcelo Amaral
Registro em Vídeo dos Ensaios - Milena Moura
Assessoria de Imprensa - Márcia Marques e Daniele Valério | Canal Aberto

Serviço
Pérsia
Temporada - de 11 de março a 01 de maio
Horário - sextas e sábados, às 20h30 e domingos, às 20h
Local - Espaço Sobrevento
Local - Rua Coronel Albino Bairão, 42 - Belenzinho - São Paulo (próximo ao Metrô Bresser)
Ingressos grátis
Bilheteria abre com uma de antecedência
Reservas de ingressos pelo e-mail aqui
Mais informações no site aqui

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