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'EX-NE - O Sumiço'. Foto - Aristeu Araújo |
Até o dia 30 de abril, sempre às 21h, será exibida a temporada de 'Ex-NE - O Sumiço', recorte da pesquisa e experimentação em território online do espetáculo 'Ex-nordestines'. Na trama, transmitida gratuitamente pelo YouTube do Coletivo Estopô Balaio, a frase proferida por uma estudante paulista nas suas redes sociais em 2010, "Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado", se concretiza e o Nordeste some do mapa, permanecendo na lembrança de apenas quatro pessoas: Laura, Mazé, Towe e Salda. O texto é de Henrique Fontes, a direção é de Quitéria Kelly e a trilha sonora é de Marco França. A peça foi elaborada com recursos da Lei Aldir Blanc, ProAC 36/2020.
Na distopia, o mapa do Brasil já não apresenta os nove estados que compõem a região do Nordeste. Não se sabe se eles foram afogados pelo Oceano Atlântico ou se essa é a próxima etapa de um plano de dominação. A história não guarda palavras sobre o território que sumiu e as quatro pessoas que ainda se recordam do que foi essa região se questionam se o que a liquidou foi um golpe, um tsunami, um leilão ou até se o Nordeste realmente existiu ou foi uma ilusão coletiva.
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'EX-NE - O Sumiço'. Foto - Aristeu Araújo |
"'Ex-NE - O Sumiço' é o começo da jornada de quatro personagens tentando entender por que o Nordeste sumiu do mapa no Brasil de 2032. É uma distopia que fala de um fato antigo - a xenofobia no país e o hábito de ainda se colocar nordestinos como cidadãos de segunda categoria", conta o autor da peça, Henrique Fontes.
O sumiço da região é um gatilho para a discussão sobre a invisibilização de diversas nações indígenas que compõem a região, sobre a naturalização de erros exploratórios consequentemente repetidos e sobre a racialização do nordestino. Diante dos inúmeros e históricos ataques ao Nordeste e aos nordestinos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país, nascem as perguntas: até que ponto nós, enquanto sociedade, sabemos que o Nordeste é uma invenção com fins políticos, econômicos e sociais?
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'EX-NE - O Sumiço'. Foto - Aristeu Araújo |
A diretora da montagem, Quitéria Kelly, conta que o trabalho nasce a partir de um convite do Coletivo Estopô Balaio, que se volta para a discussão em torno da palavra Nordeste. A diretora, que já transita pelo tema em sua companhia, o grupo Carmin, aqui se junta aos artistas migrantes do Estopô em São Paulo.
"No Nordeste há várias culturas apagadas, já que a região foi simbolizada por homens brancos, parte de uma elite açucareira que apagou do imaginário do povo a cultura indígena, a dos africanos que chegaram escravizados, a de judeus, entre muitas outras", conta Quitéria.
Sobre o Coletivo
O Coletivo Estopô Balaio reside artisticamente há 10 anos no bairro Jardim Romano, extremo leste da cidade de São Paulo. Formado majoritariamente por artistas migrantes, o coletivo mergulha nos temas da migração, memória e na própria cidade de São Paulo como dramaturgia e cenário. Em 2020, foi contemplado com o Prêmio Shell de Teatro na categoria Inovação pela valorização da memória do migrante com o espetáculo 'A cidade dos rios invisíveis'.
Ex-NE - O Sumiço
Direção - Quitéria Kelly
Dramaturgia - Henrique Fontes
Elenco - Ana Carolina Marinho, Anna Zêpa, Breno da Matta e Juão Nyn
Trilha Sonora - Marco França
Montagem de Vídeo e Efeitos - Aristeu Araújo
Assistência de Direção e Preparação Corporal - Rodrigo Silbat
Consultoria Histórica - Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Beleza - Andrey Batista
Assistente de Beleza - Sasá Ferreira
Figurino - Ben
Designer Gráfico - Daniel Torres
Testagem Covid-19 - VALP Soluções Inteligentes
Enfermeira - Sinara Morais
Farmacêutico - Carlos Alberto Rossatto Junior
Secretaria - Lisa Ferreira
Produtores - Wemerson Nunes, David Costa e Gabi Gonçalves
Assessoria de Imprensa - Márcia Marques | Canal Aberto
Produção - Corpo Rastreado e Coletivo Estopô Balaio
Serviço
EX-NE - O Sumiço
Temporada online - até 30 de abril - sexta-feira
Horário - 21h
Duração - 23 minutos
Grátis
Classificação - 12 anos
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