Editora Âyiné traz Enzo Traverso ao Brasil para lançamento do livro Melancolia de Esquerda


Historiador italiano repensa história do socialismo e do marxismo e como a esquerda assimilou o luto revolucionário

A convite da Editora Âyiné, o historiador italiano Enzo Traverso vem ao Brasil neste mês para o lançamento de seu livro “Melancolia de Esquerda”, inédito no país. No dia 19, ele participa do lançamento na Livraria Tapera Taperá, em São Paulo, e no dia 22 ele promove um bate-papo sobre a obra na Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro, com a participação do professor de literatura italiana da UERJ Davi Pessoa. Também na capital fluminense, o autor vai ministrar uma palestra na Unirio, que contará com a presença da professora, escritora e artista Laura Erber.

O extenso volume, de quase 500 páginas, integra a nova coleção Aut-aut da Âyiné, dedicada a pensadores de esquerda. No livro, Traverso se debruça sobre a cultura de esquerda e todas as suas facetas - teorias, experiências, utopias, afetos, paixões -, revelando as suas complexidades e entrechos. Ele investiga a forma como a esquerda assimilou as derrotas sofridas ao longo do século XX e como essa experiência redefiniu o pensamento crítico e político dos intelectuais que dividem essas ideias.

Nas palavras do autor, o livro busca repensar a história do socialismo e do marxismo por meio do prisma da melancolia. A melancolia de esquerda à qual ele se refere não se resume apenas à memória das conquistas e derrotas, mas abarca um estado de espírito, emoções e sentimentos. Num sentido mais amplo, Traverso analisa a esquerda em termos topológicos (os partidos à esquerda na arena política e institucional) e também em termos ontológicos: os movimentos que lutaram para mudar o mundo ao colocar o princípio da igualdade no centro de sua agenda.

A partir da análise de teorias, testemunhos e imagens (cartazes de propaganda política, quadros, filmes), o autor define a cultura de esquerda como heterogênea e aberta, na medida em que inclui não só diferentes correntes políticas, mas também uma pluralidade de tendências estéticas e intelectuais. Traverso propõe um diálogo intelectual intenso entre diversos pensadores. Ele interpela as grandes figuras que marcaram a história da esquerda, de Marx a Benjamin, até Daniel Bensaid, passando pela pintura de Gustave Courbet e os filmes de Chris Marker e Theo Angelopoulos, demonstrando toda a carga subversiva e libertadora do luto revolucionário.

“Essa passagem de uma época de fogo e sangue - que, apesar de todas as derrotas, se mantinha decifrável - para um novo tempo de ameaças globais sem um resultado previsível tem um sabor melancólico. Essa melancolia, no entanto, não significa retirar-se para um universo fechado de sofrimento e lembrança; trata-se mais de uma constelação de emoções e sentimentos que envolvem uma transição histórica, a única maneira que a busca por novas ideias e projetos pode coexistir com o pesar e o luto após o fim das experiências revolucionárias.

Nem regressiva nem impotente, é a melancolia de uma esquerda que não foge do fardo do passado. É a melancolia de uma esquerda que, mesmo aberta às lutas no presente, não foge à autocrítica em relação a seus fracassos do passado; que não se resigna à ordem mundial estabelecida pelo neoliberalismo, mas não pode renovar seu arsenal crítico sem antes se identificar e se irmanar com os derrotados da história, uma multidão à qual fatalmente se juntou, ao final do século XX, uma geração inteira - ou o que dela restou - de esquerdistas derrotados.”, escreve Traverso.

De acordo com Laura Erber, que assina o prefácio do livro, Traverso se distancia das narrativas canônicas do socialismo e do comunismo, abordando manifestações do imaginário que revelam o produtivo elo entre derrota, melancolia e revolução: “se o sentimento de impotência perpassa boa parte do que se escreve sobre a situação do mundo, a melancolia de esquerda que Traverso se propõe a percorrer funciona seja como antídoto contra o presentismo, seja como um modo de revincular a esquerda à sua própria história. Por isso o autor faz questão de descolar os vencidos tanto de uma perspectiva de fé cega na vitória final redentora quanto das formas da espera catatônica. Diferente da nostalgia que desfila com seu cortejo fúnebre enterrando mortos e vencidos, a melancolia de esquerda pode ser vista como antídoto contra os mecanismos do capital neoliberal que destroem também no plano dos afetos, das imagens e das palavras a possibilidade de percepção da vitalidade minoritária insurgente”, afirma Erber no prefácio.

Um dos maiores especialistas em história política e intelectual do século XX, Traverso fez doutorado na École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS) de Paris. Foi professor de Ciência Política na Universidade de Picardie, em Amiens, e atualmente leciona nos Estados Unidos na Universidade de Cornell, Ithaca (NY).

Ficha técnica
Melancolia de Esquerda
Autor - Enzo Traverso
Tradução - André Bezamat
Capa - Julia Geiser
Editora - Âyiné
Páginas - 495
Preço - R$ 242,00
Para mais informações ou comprar clique aqui

Serviço
Lançamento Melancolia de Esquerda

São Paulo
Local - Tapera Taperá
Endereço - Av. São Luis, 187, 2º andar, loja 29 - Galeria Metrópole
Data - 19 de novembro
Horário - 19h
Entrada - gratuita
Participação - Enzo Traverso, autor da obra
Mais informações aqui

Rio de Janeiro
Local - Livraria da Travessa de Botafogo
Endereço - R. Voluntários da Pátria, nº 97 - Botafogo - Rio de Janeiro
Data - 22 de novembro
Horário - 19h
Entrada - gratuita
Participação - Enzo Traverso, autor da obra, e Davi Pessoa, professor de literatura italiana da UERJ
Mais informações aqui

Palestra de Enzo Traverso na Unirio - Rio de Janeiro
Local - Unirio
Data - 22 de novembro
Horário - a confirmar
Entrada - gratuita
Participação - Enzo Traverso, autor de “Melancolia de Esquerda”, e Laura Erber, professora, escritora e artista

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