Cia da Tribo realiza sessões gratuitas do espetáculo Água Doce


Foto - Arô Ribeiro

Paulistanos terão oportunidade de assistir à peça contemplada pelo Prêmio Zé Renato em parques da capital paulista

Durante o mês de julho e início de agosto, a Cia da Tribo segue em temporada do espetáculo Água Doce, voltado ao público infantil, com apresentações em parques de São Paulo, sempre com entrada gratuita.

O espetáculo conta a história de uma família mitológica que se dedica a cuidar das águas. Com texto, cenografia, figurinos, trilha sonora e criação de bonecos originais, o espetáculo traz quatro personagens - Iara, Abaré, Cacira e Xirú - que se aventuram para proteger os rios. Iara, a Mãe do Rio, é amaldiçoada ao matar sua irmã, Cacira, e sua amargura deixa um rastro de destruição, com o rio poluído e sujo. Seu irmão, Abaré, enviado pelo pai Xirú, se aventura por correntezas e turbulências para reencontrar sua irmã e dar nova vida aos peixes e ao rio. Na trajetória, encontra seres da cultura indígena que o ajudam na jornada, como o Cabeça de Cuia, o Jaguarão, o Pirarucu, entre outros.

As apresentações ao ar livre integram o projeto Água Doce, contemplado pela 6ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo, e abrangem parques localizados nas regiões Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro da capital. Os parques que recebem o espetáculo têm ligação com o tema, tendo rios em seu território ou em seu subterrâneo.

Sobre o espetáculo

O espetáculo traz influência da cultura popular, lendas indígenas, mitos ribeirinhos e nordestinos. A peça conta a história de quatro personagens de um povo inventado- Iara, Abaré, Cacira e Xirú - inspirado em seres mitológicos. Iara, a deusa das águas, se destaca entre seus irmãos e tem seu valor reconhecido pelo seu pai, conhecido como Xirú, que a escolhe para cuidar das águas. Nesse momento, ela é atacada por sua irmã, e ao se defender, acaba matando-a ao derrubá-la no rio. Iara é amaldiçoada e condenada ao exílio pela aldeia, enviada à pororoca, encontro turbulento das águas do mar com as águas do rio, Iara transforma-se em Mãe do Rio. Sua amargura mata o rio, deixando-o turvo. Seu irmão empreende uma verdadeira jornada do herói para trazê-la de volta, retomando assim a vida do rio.

Materiais reciclados

A Cia da Tribo começou a pesquisa para Água Doce há mais de um ano. Encontraram o artista visual Adriano Castelo Branco, educador e criador de esculturas lúdico-sonoras constituídas de materiais de descarte e reutilizáveis. Para o espetáculo, Adriano e a Cia da Tribo buscaram na Cooperativa de Catadores de Guarulhos materiais como fitas métricas, talheres, matrizes de garrafas pet, microfone, tachinha de lata, entre outros. Inspirado pelos personagens folclóricos e da cultura indígena, Adriano criou especialmente para o espetáculo 14 ‘criaturas instrumentosas’, algumas em grandes dimensões.

A música da água

A direção musical de Rogério Almeida traz canções e trilha sonora originais feitas a partir de extensa pesquisa da cultura popular. Para desenvolver o trabalho, o músico e ator buscou referências na música dos ribeirinhos e cantigas indígenas, além da música ibérica e de matriz africana. Rogério pesquisou as nuances sonoras da água, captou o som de chuvas, gotas e corredeiras para compor o som metálico e urbano que permeia o espetáculo. A música das lavadeiras e o caboclinho também foram inspirações, assim como o uso de instrumentos como a alfaia, um tambor popular mais utilizado no maracatu, o vaso de cerâmica, mais conhecido como cântaro, e o atabaque africano, além de flautas de influência indígena.

Sobre a Cia da Tribo

Fundada pelos artistas Milene Perez e Wanderley Piras, iniciou em 1996 o seu trabalho de pesquisa em teatro baseado num profundo mergulho na cultura popular. A sua linguagem cênica foi desenvolvida por meio do estudo de tradições populares, personalidades e corporeidades brasileiras. Histórias, músicas, danças e bonecos criados pelo povo em diversas regiões do país são investigados, apreendidos, recriados e trazidos à cena, construindo assim, uma teatralidade brasileira.

A Cia da Tribo é um grupo urbano, nascido numa megalópole e influenciado pela cultura popular, a contemporaneidade e o diálogo entre elas. Para ela, o regional e o urbano, bem como o passado e o presente, se encontram, atualizam memórias e transformam as possibilidades desse fazer artístico.

O grupo já montou 13 espetáculos, entre eles “Dois corações e quatro segredos”, que refaz a viagem de Mário de Andrade pelo interior do Brasil; “Pé de Vento”, inspirado nos poemas de Manoel de Barros; “Zabumba”, baseado na festa do Bumba-meu-Boi; “Quixote Caboclo”, inspirado nos poemas de Patativa do Assaré; entre outras montagens que conquistaram o público e crítica com suas releituras da cultura popular, trazendo este universo para a contemporaneidade.

Entre os prêmios conquistados pela Cia da Tribo, figuram o Prêmio Coca Cola Femsa de Melhor Diretor e Figurino por “Dois Corações e Quatro Segredos”, em 2005; os Prêmios APCA, Mambembe e Prêmio Coca Cola de Teatro Jovem pelo espetáculo “Zabumba”, em 1996; além da indicação ao Prêmio Mambembe por “Romance”, em 1999.

Ficha técnica
Água Doce
Texto e Direção - Milene Perez e Wanderley Piras
Atuação - Milene Perez, Tatiana Mohr, Rogério Almeida e Wanderley Piras
Direção de Produção - Tatiana Mohr
Direção Musical - Rogério Almeida
Bonecos - Adriano Castelo Branco
Cenografia - Wanderley Piras
Assistente de Cenografia e contrarregras - Dino Soto
Figurino - Milene Perez
Designer Gráfico - Adriana Amaral
Fotografia - Arô Ribeiro
Operação de som - Drika Ferreira
Holding - Dino Soto
Produção - Cia da Tribo

Serviço
Cia da Tribo apresenta Água Doce durante as férias de julho
Entrada - gratuita
Duração - 55 minutos
Classificação - livre

Locais, datas e horários
Parque Previdência -14 de julho - sábado 16h
Parque Cidade Toronto - 15 de julho - domingo 11h e 16h
Parque Ecológico do Tietê - 21 de julho - sábado 16h
Parque Nebulosas - 22 de julho - domingo 16h
Parque Chico Mendes - 28 de julho - sábado 16h
Parque das Águas - 29 de julho - domingo 16h Parque Independência - 04 de agosto - sábado 11h e 16hParque Ibirapuera - 05 de agosto - domingo 11h e 16h

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